terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Mulher acusa agentes de torturar filho surdo-mudo no CDP de Taiúva

Mães e mulheres de suspeitos presos no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Taiúva (SP) acusam agentes penitenciários de maus-tratos e agressão. Segundo as denunciantes, que realizaram um protesto em frente à unidade prisional na manhã desta segunda-feira (13), um dos detentos, de 28 anos, que é surdo-mudo, chegou a ser torturado pelos carcereiros, após ser deixado por três dias em uma solitária.
Ao G1, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informou que a denúncia não procede.
A mãe do jovem, a trabalhadora rural Maria de Fátima Laur, de 48 anos, contou que o filho ficou isolado dos demais presos entre os dias 29 e 31 de dezembro. Nesse período, os agentes teriam se irritado porque ele tem dificuldade para se comunicar, uma vez que também é deficiente intelectual. “Ele me contou que pedia água e os homens falavam que só dariam se ele dissesse que é mulherzinha. Ele não fez isso, meu filho é homem, não ia fazer uma coisa dessas. Daí chutaram ele e usaram um cabo de vassoura para violentar ele. Judiaram muito."O jovem está preso provisoriamente no CDP desde julho do ano passado por suspeita de furtar um celular. Segundo Maria de Fátima, essa não foi a primeira vez que o filho relatou ter sido mal tratado pelos carcereiros. A trabalhadora conta que durante as visitas semanais sempre encontra hematomas no corpo do jovem, causados por supostos empurrões e pauladas. “Eles tratam os presos como animais.”
Recém-instituído pela família, o advogado André Luiz Pipino afirmou que as denúncias ainda não foram formalizadas e que orientou a mãe a procurar a Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência sobre o caso. “Estamos solicitando a realização de exame de corpo de delito. Conversei com o diretor geral do CDP e pedi para submeterem ele a exames, inclusive de um médico psiquiatra”, disse o advogado.
Ainda de acordo com Pipino, as denúncias serão formalizadas na Justiça e na Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nos próximos dias. A defesa também estuda solicitar a transferência do preso para um CDP adequado. “Eu entendo que ele nem poderia estar nesse presídio, diante das deficiências que possui. Ele não pode estar no meio de presos comuns.”Manifestação
Na manhã desta segunda-feira (13), cerca de 50 pessoas realizaram um protesto em frente ao CDP de Taiúva, pedindo melhores condições de tratamento aos homens detidos no local. As manifestantes - a maioria mães e mulheres de detentos - relataram que a estrutura do local também é precária. A unidade tem capacidade para 768 presos, mas abriga 960, segundo dados da Secretaria de Administração Penitenciária.
A manicure Vilma Rodrigues Ribeiro, de 54 anos, contou que a direção do CDP frequentemente reduz a comida e suspende a água potável oferecida, como forma de punir os presos. Vilma reside em Monte Azul Paulista (SP) e vai ao presídio semanalmente para visitar o filho, preso há um ano por suspeita de tráfico de drogas.
“Algumas celas têm 22 presos, sendo que só cabem 12 em cada uma. Eles são muito mal tratados. Há 15 dias, eu levei um par de tênis e um xampu, mas nada disso chegou nas mãos do meu filho. Eles fazem isso de propósito para prejudicar os presos”, reclamou.
Uma vendedora que preferiu não se identificar também contou que a estrutura do CDP é precária. A mulher afirmou que o marido está preso no local há três meses por suspeita de furto e, em uma das visitas que fez a ele, constatou que não havia água nos banheiros. “Estava um cheiro horrível, não dava para dar descarga. Ele já disse que encontrou caco de vidro dentro da comida. É muita humilhação.”
Secretaria
Procurada pelo G1, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informou por meio de sua assessoria que a denúncia relatada pela mãe do detento não procede. Segundo a SAP, o rapaz ‘aparentemente possui problemas psiquiátricos e passou por avaliação médica nesta manhã. Devido à medicação tomada, encontra-se desorientado, porém, com a integridade física intacta’.
Sobre a manifestação realizada nesta segunda-feira, a direção da unidade informou que se reuniu com familiares dos detentos e ouviu todas as revindicações.
Adriano Oliveira
Do G1 Ribeirão e Franca

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